
Era uma vez. Não isto assim não fica bem, nada original. Vamos pensar um pouco…
Há muito muito tempo, uma menina passeava pela floresta. Havia quem dissesse que aquela floresta era assombrada…
Nah… não é esta a história. Vamos começar de novo…
Estava um dia de sol, embora já se encontrassem no Outono e aproveitaram para sair lá para fora para passear. O mundo ali era belo, pelo menos aos seus olhos. Uma casa junto a uma pequena floresta, quase sem vizinhos. Sossego total, era uma maravilha para aqueles namorados. Saíram do caminho e embrenharam-se um pouco naquela floresta que ambos já tão bem conheciam. Caminhavam por entres as árvores e arbustos, sempre de mãos dadas, como se não existisse nada no mundo que os pudesse separar (e na verdade não há). Andaram e andaram até que finalmente pararam numa pequena clareira totalmente isolada. Ninguém conseguia ver através daquela espessa cortina de árvores que os separava do resto do mundo. O chão estava coberto por um manto de musgo suave. Estenderam uma grande toalha no chão e deitaram-se ambos olhando para as nuvens. Seguiu-se um longo silêncio em que ambos ficaram apenas a olhar o céu e a ouvir cada som que os envolvia, cada passo ou saltitar de um pequeno coelho, mesmo que longe, eles ouviam. Até que por fim aquele longo silêncio foi quebrado por um olhar, um olhar profundo que dizia mais que mil palavras. Olharam-se nos olhos e deixaram de ouvir, apenas ouviam o barulho dos seus corações que pulsavam energeticamente, quase sem intervalos. Então os seus lábios juntaram-se e o mundo à sua volta desvaneceu-se, apenas existia a outra pessoa e isso era tudo o que importava. Pouco depois, nenhum dos dois sabia mais onde começava ou acabava o seu corpo, apenas sabiam que estavam juntos e que queriam viver aquele momento, nada mais importava no mundo, não importava se havia mundo! Queriam ficar assim para sempre. Mas é quando mais gostamos de um momento que ele passa a correr. Entretanto o céu claro e limpo escureceu dando lugar a uma noite tempestuosa. Tinham que voltar, tinham que se separar daquele abraço apertado, mas nenhum dos dois o queria fazer. Mas tinham que o fazer, por mais que não quisessem, não tinham outra opção. Voltaram então, de mãos dadas como sempre, com o passo semi-apressado para não terem de apanhar chuva. Começava a ficar frio, mas eles não o sentiam, pois estavam juntos. Em poucos minutos avistaram a casa. Deram mais alguns passos, agora lentos, e quando se encontravam a escassos metros de casa começou a chover. Uma chuva grossa e gélida. Pararam os dois, largaram a toalha e beijaram-se. A chuva parou naquele momento, o chão desapareceu, nada mais existia. O barulho ensurdecedor dos milhares de gotas que batiam estrondosamente no chão era mudo para aqueles dois. O mundo parecia estar a fervilhar, mas não importava, a única coisa que importava é que estavam juntos.
Então despertou, e tudo não passara de um sonho bom, que ainda não tinha acontecido e que ninguém poderia saber se iria acontecer um dia, por mais que o desejasse.