quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pesadelos - VIII

Abriu a caixa. A primeira coisa que lhe saltou à vista foi um recorte de jornal de há muito tempo. O titulo era “três crianças morreram e uma desapareceu perto do cemitério”. Aquele jornal datava de há nove anos antes, isso queria dizer que mesmo aquelas crianças que haviam fugido acabaram por morrer. Continuou a examinar o interior daquela misteriosa caixa. Encontrou a sua antiga adaga, ainda manchada de sangue, um livro preto apenas com um pentagrama na capa e o cálice largo usado no ritual. A resposta tinha de estar no livro. Abriu e começou a ver, mas não conseguia ler o que quer que fosse, estava tudo em latim e não tinha tempo para andar à procura de uma tradução. Folheou o livro inteiro e no final encontrou algo escrito por Nelson.
“Último recurso:
Lavar a adaga com água benta, limpando o sangue, e espetá-la no peito em forma de sacrifício e forma de redenção perante o espectro criado”
Esta não podia ser a solução. Aquilo acabava por resultar no mesmo, estava condenado a uma morte certa de qualquer das formas. Voltou a folhear o livro, tinha de encontrar mais alguma coisa. Folheou até à última pagina, nada mais havia escrito naquele maldito livro. Olhou novamente para o que estava escrito e pareceu-lhe ver algumas letras no final. Esfregou a página como que a limpar alguma sujidade que tapasse o que quer que estivesse escrito. Finalmente pode ler, mas ficou na mesma situação pois não percebia o que lá se encontrava na letra de Nelson.
“Onrefni on redra e amla a redrep euq adiv a redrep elav siam”
Sentou-se na cama desesperado. As lágrimas misturaram-se com o sangue do seu nariz. Estava realmente condenado. Ia morrer e não havia nada que pudesse fazer… resolveu escrever aquelas estranhas palavras numa folha de papel, também não tinha nada a perder. As suas dores de cabeça aumentavam, e o sangue percorria o seu queixo e pescoço. Foi até à casa de banho, ainda com o papel meio amarrotado na mão. Pousou-o junto ao lavatório e lavou a cara. Teoricamente ajudaria a parar o sangue. Olhou para o seu reflexo durante um momento, então fixou-se no espelho. Dizem que o espelho é o espelho da alma, e era isso que estava a tentar ver. Então finalmente percebeu o que tinha de fazer.

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