terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pesadelos

Que dores! Não aguentava mais. Parecia que ia rebentar, mas não rebentava e uma vez para tudo parar! As lágrimas corriam desenfreadamente pelos seus olhos. A sua cara no chão deitada por cima de uma poça de lama e sangue, parecia contorcer-se de dor. Já não sabia bem o que doía. Se a carne ou a alma. Não conseguia manter os olhos abertos, não conseguia ver, ou talvez apenas não quisesse. Queria sair dali, queria morrer. Mas ninguém o deixava, sentia as correntes frias prende-lo ao chão. As correntes não o prendiam apenas, também o trespassavam e puxavam para todos os lados nunca o levando para nenhum, nunca o tirando dali e nunca lhe acabando com todo aquele sofrimento. Estava a agoniar, a lama começava a entrar-lhe pelo nariz e boca. Queria cuspir, queria respirar, no entanto queria morrer, mas nada conseguia fazer. Nova estocada nas costas, esta obrigou-o a cuspir algo que era mais que terra e mais que simples sangue. Não abriu os olhos, não queria ver o que acabara de cuspir. Ouviu um grande barulho, pareciam paços e uma enorme maquinaria. Sentiu um cheiro a queimado e um grito de mulher e outro de criança. Abriu os olhos por um segundo. Apenas viu sangue e vísceras ao seu redor. Não precisava ver a mulher e a criança para saber quem eram. Tinha de sair dali, tinha de fazer algo antes de morrer. Puxou, usou toda a sua força para se levantar do chão. Rasgou a sua carne, enquanto que as lágrimas rasgavam a sua cara, mas não se ergueu mais de dez centímetros do chão. Os paços de um homem aproximaram-se o suficiente para o pontapear na cara. Queria perguntar porque mas a única coisa que saiu da sua boca foram alguns dentes, sangue e pedaços de carne que não sabia de onde vinham, e preferia continuar naquela ignorância. Os gritos cessaram e o simples cheiro a queimado deu lugar a um intenso cheiro a morte. Parou de se debater, já não sentia, já não queria saber daquele mundo, daquele corpo. Apenas desejava morrer. Não importava para onde ia, ou o que acontecia, não importava se havia vida depois da morte ou não. A maquinaria estava perto, quase que lhe tocava. Sentia o vento de pequenas hélices que rodopiavam junto aos seus pés. Seria aquele o fim? Esperava que sim. Apenas mais um segundo e tudo iria terminar.
Abriu os olhos encharcado em suor. Mais uma vez aquele sonho. Gostava de pelo menos uma noite poder dormir e não sonhar com nada. Mas nos últimos tempos isso parecia impossível. Olhou para a almofada, molhada como sempre, e pulou de susto. Não queria acreditar no que via…

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